VAMOS VOTAR COM CONVICÇÃO E INDIGNAÇÃO
1 – Todos os dias, ouvimos falar de políticos com mandato
que desrespeitam o povo e até roubam. Ainda tem sentido falar de política e
votar?
Sim! Façamos duas reflexões, primeiro: Quem desiste quando
as coisas estão ruins também deixa de usufruir delas quando melhoram. A hora é
de ação, reação, luta, perseverança. Segundo: Já que estamos vendo e sentindo
na consciência e no bolso o efeito de tantas roubalheiras e maracutaias, vamos
nos unir e dizer não àqueles que
usam do povo para enriquecer e obter mais poder. Pior seria se nós não
estivéssemos sabendo do que está acontecendo, e fôssemos “inocentes inúteis” a
serviço de malandros que pedem nosso voto como se tivessem como única intenção
o bem comum.
2 – Mas o clima é de desânimo. O povo parece que cansou da
política e dos políticos...
Justamente. Esta é a hora de surpreender os políticos
preguiçosos e corruptos, pegando-os desprevenidos. A nossa reação, consciente e
comprometida, fará com que os politiqueiros e suas politicagens sofram uma
derrota na história. O povo é maior e tem mais poder que os “políticos
profissionais”; se nos unirmos, os derrotaremos e, como consequência, teremos
um Brasil mais justo e humano. Porém, se não reagirmos, afundaremos ainda mais
e as vítimas mais prejudicadas serão os empobrecidos, os excluídos, os
marginalizados, os homens e mulheres “invisíveis” que vivem à margem do direito
e da justiça, e que a maioria de nós, a começar pelos políticos, não veem ou
fazem de conta que não veem.
3 – De onde tirar força para essa reação?
Da vergonha de cruzar os braços enquanto o povo é roubado,
da força que temos para desbancar a ladroagem, do poder que possuímos de ir às
ruas e dizer não à corrupção, da
capacidade que encontramos ao pressionar os diversos poderes da República,
fiscalizando-os do direito constitucional de votar naqueles candidatos que
estão de acordo com o que temos na consciência, do valor do nosso voto que não
tem preço, da indignação que sentimos ao ver tantos desvios de verbas e de
projetos fantasmas eleitoreiros, da fé que professamos num país melhor a partir
das convicções que temos e que nos vêm da Sagrada Escritura, dos documentos
eclesiais universais e locais, da união entre fé e vida.
4 – O fato de não votar, ou votar em qualquer candidato só
para cumprir uma obrigação, ou ainda anular ou votar em branco, é falta de
cidadania?
Sim. Porque nesse caso cometemos duas falhas graves contra
nós mesmos e contra todo o povo: a omissão e a cumplicidade. Pela omissão lavo
as minhas mãos, como fez Pilatos diante de Jesus, demonstrando que prefiro
covardemente ficar de fora do que, corajosamente me posicionar. Pela
cumplicidade me uno e aprovo a situação política vergonhosa onde brilham
estádios de futebol fabulosos ao lado de escolas e hospitais que não têm a
mínima condição de funcionamento, mas que são os únicos que o “povo
pentacampeão” de futebol tem à sua disposição...
5 – Isso quer dizer que somos responsáveis por aqueles que
elegemos e pelos seus mandatos?
Sim! Quem vota em ladrão compactua e aprova o roubo; quem
vota em corrupto faz-se parceiro dele; quem vota em candidato que vive do
poder, dá à ele licença para usar o poder me proveito próprio; quem vota em
traficante diz “sim” às drogas que sacrificam centenas de milhares de
adolescentes e jovens; quem vota em parente só porque é parente troca o
comunitário pelo individual, o bem comum pelo bem pessoal. O meu, o teu, os
nossos votos tem consequências, e muitas. Quando votamos mal, ou não votamos,
abrimos a porta para a bandidagem, para a acumulação de bens, para a miséria.
6 – E o que o meu voto tem a ver com os mandatos dos
eleitos?
Muito! Se eu voto mal, sem convicção e responsabilidade, dou
àqueles em quem voto o “direito” de usarem de seus mandatos para fazerem do
Estado e da Nação o “quintal” em que eles plantarão e colherão o que interessar
a eles, e não ao povo. É entregar o galinheiro às raposas; é atirar em nossos
próprios pés. Ou seja, somos imbecis quando elegemos aqueles que, com o poder
que conferimos a eles, vão nos prejudicar, marginalizar e excluir.
7 – Tenho o direito de ser fiscal de quem foi eleito?
Não só o direito, mas também o dever. Não é estranho que a
maioria das pessoas não lembre em quem votou nas eleições passadas? Isso prova
a nossa falta de cidadania e ausência em nós de sermos responsáveis por quem
elegemos. Fiscalizar não é algo ilegal; antes, é sinal de maturidade política.
Temos orgulho do nosso país, mas ainda continuamos a eleger muitos
aproveitadores que, além de não servirem à comunidade, ainda riem de nós.
Enquanto o nosso voto não for consciente e levado realmente à sério, seremos
palhaços que divertem e enriquecem os politiqueiros que usam e abusam de nossa
“inocência” farisaica.
8 – O que posso fazer para votar bem?
Posso e devo conhecer o melhor possível os candidatos, saber
quais são as funções que deverão ser desempenhadas e ouvir atentamente o que
dizem as entidades e organizações não vinculadas aos partidos políticos, como a
CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
9 – Quais são as funções do Presidente da República?
O Presidente da República é:
O chefe do Poder Executivo da União;
O responsável pela nomeação dos Ministros que auxiliam no governo da Nação;
Quem propõe ao Congresso (Câmara dos Deputados e Senado) planos, diretrizes e
políticas de integração, com as devidas prioridades, para assegurar um amplo
desenvolvimento econômico e social;
Quem prevê orçamentos e investimentos do tesouro nacional;
Quem mantém relações com os Estados estrangeiros e designa seus representantes
diplomáticos;
Quem concede indulto e comutação de penas;
Quem nomeia, após aprovação do Senado Federal, Ministros do Supremo Tribunal
Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o
Procurador-Geral da República, o Presidente e os Diretores do Banco Central e
outros servidores, quando determinado em lei;
Quem promove e extingue os cargos públicos federais, na forma da lei;
Quem edita as medidas provisórias com força de lei;
Quem permite, nos casos previstos em lei complementar à Constituição, que
forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam
temporariamente.
10 – Quais são as funções dos Senadores?
Os Senadores:
Representam os Estados no Congresso Nacional;
Votam as leis nacionais;
aprovam os Ministros do Tribunal de Contas da União, o Presidente do Banco
Central, os presidentes de algumas outras instituições públicas, os
Procuradores gerais da República, os Magistrados e Chefes de missões
diplomáticas;
Autorizam as operações financeiras externas e as condições de crédito;
Opinam diretamente sobre as propostas do Presidente da República e dos Ministros;
Julgam e processam o Presidente da República, o Vice-Presidente e os Ministros
de Estado nos crimes de responsabilidade;
Fixam, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante
da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios;
Suspendem a execução, no todo, ou em parte, da lei declarada inconstitucional
por decisão do Supremo Tribunal Federal.
11 – Quais são as funções dos Deputados Federais?
Os Deputados Federais:
Representam o povo no Congresso Nacional;
Responsabilizam-se pelas leis de interesse da coletividade;
Fiscalizam o Governo Federal e as instituições públicas;
Junto com os Senadores, aprovam o plano plurianual, as diretrizes
orçamentárias, o orçamento anual e as operações de crédito, entre outras;
Pedem prestação de contas ao Executivo;
Fazem propostas de ação ao Executivo;
Criam as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) para investigar atos do
Governo nas diversas instâncias, planos e políticas públicas.
12 – Quais as funções dos Deputados Estaduais?
Os Deputados Estaduais:
Representam os interesses da população na Assembleia Legislativa;
Legislam sobre a organização da vida do povo em questões de abrangência
estadual, contanto que não importem em despesas para o Executivo;
Aprovam as políticas públicas e o orçamento apresentado pelo Executivo;
Fiscalizam as iniciativas do Governo Estadual;
Criam CPIs, quando necessárias, visando a transparência de questões de
interesse público e o bom funcionamento das Instituições do Estado.
13 – Quais são as funções dos Governadores?
Os Governadores:
Administram os Estados da União para o qual foram eleitos;
São os responsáveis pela nomeação de secretários estaduais e outros cargos
políticos de confiança;
Apresentam seus projetos à Assembleia Legislativa para aprovação, com as
devidas receitas e despesas nas áreas da saúde, da educação e da segurança,
entre outras;
Sancionam ou vetam leis aprovadas pelos deputados estaduais;
Emitem decretos e regulamentos, devendo prestar contas ao Tribunal de Contas
dos Estados (TCEs), conforme a Constituição Federal e a Constituição Estadual.
14 – Qual a importância de conhecer as funções dos que serão
eleitos?
Muitas, entre elas as seguintes:
Votar sabendo o que esperamos daqueles que estamos elegendo;
Conhecer os deveres que os eleitos têm para que os fiscalizemos;
Saber se o que prometem está dentro das funções atribuídas aos cargos a que se
candidataram.
Quanto mais soubermos a respeito de seus deveres, tanto mais
votaremos com convicção e consciência.
15 – Com a palavra, Papa Francisco:
“Peço a Deus que cresça o número de políticos capazes de
entrar num autêntico diálogo que vise efetivamente a sanar as raízes profundas
e não a aparência dos males do nosso mundo. A política, tão denegrida, é uma
sublime vocação, é uma das formas mais preciosas da caridade, porque busca o
bem comum. Rezo ao Senhor para que nos conceda mais políticos que levem
verdadeiramente a sério à sociedade, o povo, a vida dos pobres.” (A Alegria do
Evangelho, 205).
PADRE CRISTOVAM LUBEL
Brasil que nos oriente